A forma como buscamos informações está passando pela maior transformação desde a criação do Google. Se por duas décadas a lógica foi “digitar, navegar entre links e comparar resultados”, agora estamos entrando na era das respostas diretas, impulsionada pela IA generativa e por agentes capazes de interpretar intenção, contexto e histórico de uso.
Esse movimento não é gradual, é acelerado. Segundo o Gartner (2024), até 2026, 25% das sessões de busca serão feitas por IA conversacional, sem que o usuário chegue a abrir um mecanismo tradicional. Não estamos apenas mudando onde buscamos; estamos mudando como buscamos.
Diante desse cenário, é importante descatar o crescimento da adesão à IA Generativa. Segundo o estudo da .Monks, com dados da Semrush e Search Engine Land e Snaq, o ChatGPT (até 2024) atingiu 1 bilhão de usuários/visitas, o que corresponde a 5,5x mais rápido que o Google. A partir dessa informação, conseguiremos abrir o espaço para a discussão sobre o que possivelmente acontecerá nos próximos anos em relação ao comportamento de buscas dos usuários.


1. O colapso silencioso da busca tradicional
A busca tradicional sofre de um problema que cresceu silenciosamente: excesso.
Excesso de anúncios, excesso de páginas irrelevantes e excesso de otimização artificial. O resultado é um ambiente saturado, em que o usuário encontra mais atrito do que respostas.
Com mais de 60% dos resultados afetados por SEO agressivo, o Google passou a exibir SERPs cada vez mais cheias de publicidade, snippets e links patrocinados que empurram o conteúdo orgânico para baixo. O comportamento do usuário mudou: ele já não quer navegar em dez abas; quer a resposta pronta.
A combinação entre saturação, dispersão e baixa eficiência abriu espaço para um novo tipo de busca: mais direta, rápida e sem ruído.
O que pode basear esta afirmação é que, ainda na pesquisa do .Monks, usuários em pesquisas por meio de IA clicam 75% menos em links dos que os usuários de busca padrão; sendo estes passíveis de atenção a uma tendência que os torna 4,4x mais valioso do que o visitante médio (aqui, a decisão do usuário pode ser definida uma vez que ele possivelmente já tenha comparado suas opções).


2. O que a IA muda na dinâmica da busca
A principal mudança introduzida pela IA é simples: agora, o usuário não busca links — ele busca soluções.
Isso porque a IA generativa entende a pergunta, sintetiza milhares de fontes e então entrega uma resposta única, contextualizada e muitas vezes personalizada.
Com isso, modelos como ChatGPT Search, Perplexity, Gemini e Meta AI inauguram uma nova experiência: o usuário descreve a intenção (“quero um roteiro de viagem”, “como aplicar para esse edital”, “qual é o melhor mouse para edição?”) e, em seguida, recebe um resultado direto. Ou seja, sem rolagem infinita, sem anúncios invasivos e sem ruído.
Consequentemente, essa transição representa uma mudança estrutural: a busca está deixando de ser transacional e passando a ser conversacional.
Como aponta a .Monks, os usuários já utilizam IA generativa para tarefas diversas:
58% pesquisam informações;
56% resumem documentos e fazem perguntas pontuais ou complexas;
51% procuram recomendações de filmes, séries, jogos e músicas.
3. A guerra das plataformas: quem lidera a nova busca
A disputa pela nova “porta de entrada da internet” está aberta — e, pela primeira vez em 20 anos, o Google não é o único favorito.
Por um lado, a Perplexity cresceu rapidamente ao oferecer respostas diretas, citações de fontes transparentes e, além disso, uma experiência livre de anúncios em seu modelo Pro. Sua proposição é clara: “melhor do que buscar, é aprender”.
Por outro lado, a OpenAI, com o ChatGPT Search, avança para entregar resultados multimodais e também agentes capazes de realizar tarefas além da busca.
Enquanto isso, o Gemini, do Google, tenta integrar a infraestrutura já existente, mas ainda assim enfrenta críticas e desafios de confiança.
Já a Meta AI aposta na ubiquidade: integra a busca conversacional ao Instagram, WhatsApp e Facebook, o que amplia sua presença no dia a dia das pessoas.
Em última análise, a disputa se tornou, sobretudo, por relevância, comportamento e pelo próprio futuro da navegação digital.
4. O impacto no SEO e na estratégia de conteúdo
Se o usuário não clica mais em links, como fica o SEO?
Essa é a pergunta que redefine toda a estratégia digital.
Os modelos de IA passam a consumir, interpretar e sintetizar conteúdo, e não apenas listá-lo. O resultado é uma queda no clique orgânico e um aumento da importância da autoridade, especialização e clareza.
Estratégias que ganham força:
- Conteúdo profundo e confiável, baseado em dados reais
- Marcas com forte presença e reputação (E-E-A-T)
- Conteúdo técnico e original, difícil de ser substituído por IA
- Atualização contínua e relevância contextual
Links ainda importam, mas agora importam menos. O que importa mais é ser uma referência confiável o suficiente para que a IA utilize — e cite — suas informações.
5. A nova descoberta: social search, creators e IA multimodal
Enquanto a busca tradicional perde força, o consumidor encontra novas maneiras de descobrir informações. Plataformas como TikTok, Instagram e Reddit se consolidam como motores de busca modernos, impulsionados por conteúdo visual, opinião e prova social.
O TikTok Search já ultrapassou o Google em buscas de restaurantes e estilo de vida entre usuários de 18 a 24 anos (dados internos divulgados pela plataforma). Além disso, a IA multimodal organiza vídeos, textos, comentários e avaliações, tornando a busca social mais útil e intuitiva.
Isso cria um novo ecossistema: o usuário mistura busca conversacional (IA) com busca por validação social (creators).
6. O que líderes precisam fazer agora
A transição para a era pós-busca não é uma ameaça, é uma oportunidade. Mas exige movimento imediato.
Líderes devem:
- Revisar sua estratégia de conteúdo para priorizar profundidade, confiabilidade e diferenciação.
- Adotar IA no SEO, tanto para produção quanto para testes e análises.
- Investir em marca, já que autoridade passa a ser o novo ranking.
- Monitorar plataformas de IA, entendendo como estão citando (ou ignorando) o conteúdo da marca.
- Combinar conteúdo de especialistas + conteúdo social, unindo credibilidade e descoberta.
A busca mudou, e está mudando rápido! Os próximos dois anos definirão quais marcas continuam sendo encontradas e quais desaparecem no ruído.
_________________________________________________________________________
Quer manter-se informado?













